quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Carta aos donos de cães acorrentados

Querido "dono",
...Consegui que escrevessem esta     carta por mim. Nem sabes a alegria que sinto por poder comunicar contigo.     Todos os dias, desde aquele dia longínquo em que me colocaste a corrente no     pescoço e me prendeste neste espaço, eu sonho que venha me visitar e fazer     festinhas como me fazias quando eu era um bebê. Eu sonho que venhas     conversar comigo, não entendo muito bem o que me dizes, mas nem imaginas     como adoro ouvir o som da tua voz!

Eu sei que fiz algo de errado,     senão certamente não me terias colocado aqui. Desculpa! Não quero ser     exigente mas começa a doer ter esta corrente atada ao meu pescoço. Às vezes     tenho o pescoço dormente, e outras vezes tenho muito comichão e nem consigo     coçar! Sinto o seu peso todos os dias, o peso da solidão que me     prende.

Tenho vontade de esticar as pernas e correr...e como eu     gostava de poder fazer isso contigo! Adorava que me atirasses umas bolas, aí     eu podia mostrar-te como sou rápido a correr e como as trazia rapidamente.     Gostava de poder ver o que tu vês, o mundo lá fora é muito grande? E existem     outros como eu?
Às vezes tenho sede e alguma fome mas eu aguento em     silêncio porque sei que assim que poder virá dar-me comida e água, sei que     fazes o que podes, eu não quero incomodar, mas sabes, por vezes gostava de     ter um pouco da tua companhia.

Sei que talvez alguém te tenha dito     que eu não tenho sentimentos, mas olha que é mentira! Nem imaginas quanta     alegria sinto quando alguém me toca ou se dirige a mim. Nem sabes quanta     tristeza e solidão pesa em mim nas longas horas que não vejo ninguém. Nem     sabes o medo que por vezes sinto no Inverno aqui sozinho, e tenho tanta     vontade de estar perto de ti.
No outro dia passaram aqui umas pessoas     estranhas e puseram-se a olhar cá para dentro e a apontar para mim, riam e     atiravam umas pedras na minha direção. Queriam vir fazer-te mal.     Acertaram-me com uma na pata e ontem não consegui levantar-me , mas eu     afuguentei-as logo com o meu ladrar. Eu não quero que ninguém te venha fazer     mal…e não quero que te zangues comigo, eu prometo fazer melhor por     ti.

Eu sou o teu amigo mais fiel, nunca te irei trair, não guardo     rancor, e não tiro nunca o lugar de ninguém, será que tens mais amigos assim     no teu mundo? Só queria um pouco mais da tua atenção e amor, uma cama quente     no inverno, um local fresco no verão e o teu cheiro a entrar-me nas narinas     todos os dias, seguido de um sorriso e uma festa no meu velho     lombo.

Eu sei que um dia tu irás chegar aqui e tirar a corrente, e     dar-me tudo isto, até lá eu fico quieto á espera. Só não demores muito meu     "dono", porque estou a ficar velho e começo a ver e ouvir mal. Faltam-me     forças e não quero ir, sem viver um pouco contigo.

Do teu     "cão”

Se virem um cão aprisionado, imprimam esta carta e deixem na caixa de correio dos donos. Em nome dos “cães”, obrigada.

Equipe Focinhos Carentes Jaraguá do Sul

2 comentários:

  1. Olha que eu já li coisas por aí, mas esta cartinha foi a primeira vez. Emocionante. Acho que não há um coração que não se emocione lendo, chorei...mas achei uma alternativa pacifica muito linda para lutar em defesa dos animais. Obrigada pela dica!

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  2. Realmente é muito triste, e é mais triste ainda saber que pessoas agem desta maneira com seus cães.

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